Monday, February 12, 2007


O infiltrado


O Procurador – Geral, o Dr Macedo e o Director da Judiciária, reuniram-se para alinhar uma estratégia contra a fraude fiscal. No “press release” sobre a reunião, distribuído antes desta começar, informaram o País que dessa estratégia constaria a “infiltração” de agentes nas empresas.

É um método policial, sem dúvida. Mas com anúncio prévio?

Infiltrar um agente para combater a corrupção, dentro da lei e em casos com gravidade que o justifique, é uma operação policial legítima, secreta por natureza.

Anunciar nos órgãos de comunicação que vão infiltrar agentes é um acto de coacção psicológica, que confirma a inexorável tendência para o autoritarismo que está a ocorrer em Portugal.

Em muitas empresas a pergunta agora é: Quem é o infiltrado? Será o TOC admitido em Setembro, o administrador que chegou em Julho. Não … esse não tem cara disso…O Teixeira esse…esse é que eu acho que é o infiltrado! Eu sei, que o gajo tem um amigo nas Finanças, porque a Odete disse-me. A Odete, aquela que andou com um primo dele!

Esta administração de feitio pragmático e autoritário, parece no entanto ser do maior agrado do povo português. Também já vimos disto antes.

2 comments:

Touro Quente said...

Apetece-me colocar umas questões…


1) O infiltrado já é quadro da empresa ou é contratado por esta após a decisão de investigar a dita?

Se já é quadro da empresa, a administração pública terá que usar argumentos muito convincentes para que o infiltrado se disponha a executar a tarefa. A menos que seja completamente destituído de massa cinzenta – o que impediria a boa prossecução da “espiadela” –, algum funcionário se arriscará a meter a sua empresa num buraco, sabendo que daí podia advir a falência e a perda do seu posto de trabalho?

Se não é quadro da empresa, como é que se convence esta a admiti-lo? Estou a imaginar: “Senhor Director, eu venho aqui pedir trabalho… tenho excelente curriculum na área da “espiação”, com 144 horas de formação profissional, tudo comprovado pela DGCI, trago carta de recomendação do Dr. Macedo e a minha contratação vai-lhe trazer imensos benefícios fiscais (a curto prazo, evidentemente…)”.


2) O infiltrado será pago por quem?

Pela entidade patronal, seguramente. Não estou a ver o Teixeira dizer: “Ó patrão, não se preocupe que eu sei que a vida está difícil para as empresas e eu até passo bem sem ordenado!”.

Mas se é contratado para espiar pela administração pública, esta terá também que lhe pagar. Em primeiro lugar, porque espiar não é como o futebol dos anos 40, que se praticava por amor à camisola; em segundo lugar porque ainda não acredito que o Estado obrigue os trabalhadores a espiar de borla!

Assim sendo, uma coisa é certa: o infiltrado vai receber dois ordenados com sobreposição de horários. Também já vimos disto antes e cada vez se vê mais.

Carlos Rio Carvalho said...

Para informações sobre infiltrados o amigo bovino deve dirigir-se aos autores da ideia. Mas parece-me que realmente os infiltrados vão espiar usufruindo de dois salários e respectivas regalias.