Saturday, December 24, 2011






O António não ri facilmente, mas acha graça com agilidade e ri com precisão.
Metade do ano o António tem gente por sua conta na agricultura. É ele que arrisca, é ele que paga, é ele que dirige. É ele que recebe, ou não. Na outra metade do ano faz tudo o que houver para fazer. O que lhe pedimos aparece bem feito e a horas.
Este António faz-me pensar como seria, se apenas metade dos Portugueses fossem como ele: ninguém se lembraria de por o P de Portugal nos porcos e não estaríamos aqui miseravelmente acuados.
O António não faz mais porque lá onde ele está, no interior do interior do Alentejo, não há mais para fazer. A terra do António tem um dialecto próprio e eu vejo nela muitas riquezas. Mas é pobre e precisa de ter um encontro com o resto do mundo para deixar de o ser.
Há uns dias expliquei ao António que é preciso saber muito para representar a terra que é redonda numa folha de papel plana, até lhe falei do sábio Pedro Nunes. Expliquei-lhe também como encontrar e comunicar as coordenadas que são a sua posição no mundo. Verificou-se porém um imprevisto, porque para achar com precisão as coordenadas no mapa é precisa uma regra de três simples.
Apesar dos seis anos escolaridade obrigatória (o António ainda não tem cinquenta anos), foi para conhecer as coordenadas que necessitou de aprender a regra. Estava lá outro António que a ensinou em poucos minutos.
De António para António perguntou se aquilo funcionava sempre. O António chamou à atenção para igualdade das razões e o António confirmou que tinha uma ferramenta universal: - No meu tempo não me ensinaram isto…
A proporção teve para o António uma importância desproporcionada, mas ele capturou essa nova oportunidade em poucos minutos. Concluo que devem existir para aí muitos Antónios mal aproveitados e que a nossa miséria também está ligada a isso.

Monday, October 24, 2011














Europa

O sólido banco perde a liquidez
Os líquidos valores a solidez
O povo das luzes a lucidez
Beberricando com o C.E.O do mal
Com bonomia, diz o Corso ao Cabo:
Está você contente com o que fez?
Não meu General,
acho até que vou tentar mais uma vez…