Salazar, Estaline, Drácula e o Bezerro - das - Duas - Cabeças
"Petição contra a concretização do Museu Salazar em Santa Comba Dão”
Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia da República Os cidadãos abaixo assinados vêm, por intermédio desta petição, solicitar a V. Exª e à Assembleia da República que tenham em devida conta os seguintes factos.A Câmara Municipal de Santa Comba Dão, como é público e resulta de declarações do seu Presidente e de documentos assinados entre a Autarquia e um dos herdeiros de Oliveira Salazar, prepara-se para concretizar na casa onde viveu o falecido «Presidente do Conselho» da ditadura fascista, um Museu Salazar, ou do Estado Novo.Este projecto assume o objectivo de materializar um pólo de saudosismo fascista e de revivalismo do regime ilegal e opressor, derrubado pelo 25 de Abril de 1974.O Museu Salazar, se por hipótese absurda e inadmissível alguma vez se viesse a concretizar, não seria um factor de efectivo desenvolvimento do concelho, nem o pagamento de qualquer dívida de Santa Comba Dão a um «filho da Terra», porque esta nada lhe deve senão opressão e atraso económico e social, como aliás todo o país. E não seria um organismo «meramente científico», mas sim, objectivamente, uma organização centrada na propaganda do regime corporativo-fascista do «Estado Novo» e do ditador Salazar. A Constituição da República proclama no seu preâmbulo: «A 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas, coroando a longa resistência do povo português e interpretando os seus sentimentos profundos, derrubou o regime fascista. Libertar Portugal da ditadura, da opressão e do colonialismo representou uma transformação revolucionária e o início duma viragem histórica da sociedade portuguesa».A mesma Constituição, no seu Artigo 46.º, n.º 4, proíbe as «organizações que perfilhem a ideologia fascista» e a Lei 64/78 define-as como as que «... mostrem ... pretender difundir ou difundir efectivamente os valores, os princípios, os expoentes, as instituições e os métodos característicos dos regimes fascistas ..., nomeadamente ... o corporativismo ou a exaltação das personalidades mais representativas daqueles regimes ...», proibindo-lhes o exercício de toda e qualquer actividade.A esta luz, os cidadãos abaixo assinados, consideram que o Museu Salazar, ou do Estado Novo, não pode concretizar-se, porque constituiria uma afronta a todos os portugueses que se identificam com a democracia e o seu acto fundador do 25 de Abril e, por isso, solicitam à Assembleia da República – em defesa do Regime Democrático Constitucional e da Lei – que condene politicamente o processo em curso, que visa materializar o Museu Salazar, e tome as medidas que julgue adequadas para impedir esse intento."
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O Dr António de Oliveira Salazar morreu há 37 anos, é história. O 25 de Abril foi há 33 anos é história. Os autores da petição entendem que um museu que reúne documentos históricos sobre uma personagem da história é um acto de propaganda das actividades e convicções dessa personagem, no presente. Assim os vários museus sobre o afamado Conde Drácula visarão divulgar e promover o Vampirismo. O museu José Estaline em Gori na Geórgia será um promotor do Estalinismo. O antigo museu do matadouro de Lisboa, célebre pelo bezerro das duas cabeças, seria um activo divulgador das anomalias e mutações genéticas, e por aí fora. Um memorial mantém a memória, para o bem e para o mal. Um memorial de Salazar lembra-o para quem o respeita e também para quem o odeia e mostra parte dele a quem não o conhece. Os desígnios do Dr Salazar continuam bem vivos, na pele de pessoas bem vivas e actuantes. Porque não se voltam estes anti – fascitas para o combate real e presente insistindo em viver o passado ? Será que é porque estão já mortos e feitos em pó como o Salazar está em Santa Comba? Combater a opressão contestando um museu é tão impotente, parolo e insano como achar que um museu ou memorial do Estaline vai levantar de novo o muro de Berlim ou achar que o museu do matadouro vai aumentar a proporção de bezerros anormais.
7 comments:
Se a petição vingar, prometem que não temos que gramar com o Museu do Vasco, o Louco?
P.S. Não achei piada a essa coisa do museu do matadouro de Lisboa.
Muuuuuuuuu!
Já que o amigo vaqueiro está sem inspiração, importar-se-ia de retirar as alusões ao matadouro municipal que me dão bredoeja nos jarretes?
Muuuuuuuuuuu!
Amigo Bovino
O matadouro a que me refiro já não existe. Existia em Beirolas num local agora ocupado pela maravilhosa EXPO. Pode portanto tranquilizar-se, até porque sendo um touro a sua esperança de vida é maior (a não ser que seja da Raça Brava). Mas se for dessa nobre Raça não será concerteza o matadouro que o assusta.
Deixa cá ver… dicionário Cândido de Figueiredo… 6ª edição… página 117… letra C… cá está: concertante – concertar – concertina. Pois é, que engraçado! “Concerteza” não existe.
Passámos do estábulo à pocilga, tal o tamanho da bacorada. Com certeza foi isso!
Felizmente o anti-bacoradas está atento e vigia, qual cão de guarda, a correcção da nossa escrita.
Temos então já o touro a vaca, o vaqueiro os bácoros e o cão.
Uma exploração agrícola a prosperar, com certeza.
Felizmente o anti-bacoradas está atento e vigia, qual cão de guarda, a correcção da nossa escrita.
Temos então já o touro a vaca, o vaqueiro os bácoros e o cão.
Uma exploração agrícola a prosperar, com certeza.
Essa pontuação, essa pontuação... Não bastava a tremideira do dedo.
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