O meu Colégio completa este ano
210 anos, período em que formou pessoas tão diferentes como Eduardo Lourenço,
António de Spínola, António Brotas, Alexandre Serpa Pinto, Jaime Cortesão ou
Rão Kyao, para citar apenas meia dúzia contrastantes, entre centenas de Antigos
Alunos que ajudaram a escrever a história de Portugal nestes dois séculos. Muitos
caíram a combater pelo futuro de Portugal, o primeiro logo em 1810 contra os
franceses na serra do Buçaco, na linha da frente a comandar os seus homens: o
Alferes Luís das Neves Franco.
Sinto o meu Colégio hoje, como sinto
o campo no interior de Portugal onde trabalho, algo que criámos e cuidamos
durante séculos e que nos últimos anos descuramos com uma boçalidade de
pequenos novos ricos. Ambos têm alma e constroem almas, ambos nos pertencem,
ambos são desconhecidos por muitos, ambos valem muito mais do que parecem,
ambos precisam de ser bem geridos para expressar o seu valor.
O Colégio Militar sofre as
vicissitudes desta escuridão, onde parece que o nosso futuro depende apenas de
“fusões” e “cortes” decididos por grosso. Neste momento agradeço ao Henrique
Raposo a clareza com que disse “ ... a
cultura e as instituições estão a montante do crescimento ou empobrecimento ,isto
é, a economia é uma consequência de escolhas culturais e institucionais.".
Ele disse, bem escrita, a essência da minha motivação: a luta pelo meu Colégio está
na linha da frente do combate pelo futuro de Portugal. No dia 3 de Março, logo
às 9 horas, estaremos no Parque Eduardo VII no coração de Lisboa a mostrar isso
mesmo.