O medíocre
Qualquer pessoa acha razoável que os funcionários públicos sejam avaliados. A maioria das pessoas até achará razoável que os funcionários possam e devam ter consequências negativas da sua má classificação.
Toda esta presunção de razoabilidade assentará no pressuposto de que a avaliação é justa. A avaliação será justa se for independente e admitir contestação. Independente significa que quem avalia não tenha a priori outra razão que não o valor do avaliado para atribuir uma dada classificação. Para poder ser contestada de forma útil deverão existir critérios definidos previamente, registos e testemunhos que fundamentem a avaliação.
Se o pressuposto da justiça da avaliação não se verificar as pessoas de bom senso têm boas razões para se preocupar: a útil e rigorosa avaliação transforma-se num obsceno instrumento de opressão, numa cascata de medo feita do exercício de pequenos poderes.
Nenhuma avaliação será justa se for previamente definida ou condicionada. E é muito fácil definir ou condicionar uma avaliação, acontece por exemplo quando existem quotas de classificações pré – definidas. Não mais que tantos por cento de bons, não menos que tanto por cento de medíocres, por exemplo. Se o avaliador for obrigado a quotas não será independente e só será justo nos improváveis casos em que a realidade se ajustar às quotas pré – definidas.
As quotas, em particular de classificações que determinam efeitos penalizantes, (como malhar com os ossos no quadro de excedentes por exemplo) seriam de uma estupidez galáctica, senão fossem de uma perversidade descarada: como pode alguém determinar à partida que existem 10% de medíocres (1) num serviço qualquer com 10 pessoas. Se estivermos a tratar de uma população poderá ser razoável estimar percentagens aproximadas de medíocres (há quem diga até que existe uma percentagem fixa de estúpidos na população…). Se estivermos a lidar com uma amostra que não represente a população o erro é grosseiro, porque obriga a classificar como medíocre alguém que poderá não o ser. Nesse grupo de 10 pessoas ninguém quererá ser o “ medíocre” e vai valer tudo. Se o indigitado medíocre quiser contestar a decisão quem será testemunha do contrário ? O serviço só tem dez pessoas e ninguém vai querer ir para o quadro de excedentes…
É preciso avaliar os funcionários, os bons são promovidos, os maus penalizados, isto é muito razoável. A perversão está nos pormenores a que geralmente ninguém liga, senão quando lhe batem à porta.
Já agora, é importante saber se às chefias também se aplicam quotas de classificação definidas à partida. E já agora, porque razão pessoas honradas, às vezes com anos de trabalho de direcção, se sujeitam a ser instrumentos de processos tão aviltantes?
Qualquer pessoa acha razoável que os funcionários públicos sejam avaliados. A maioria das pessoas até achará razoável que os funcionários possam e devam ter consequências negativas da sua má classificação.
Toda esta presunção de razoabilidade assentará no pressuposto de que a avaliação é justa. A avaliação será justa se for independente e admitir contestação. Independente significa que quem avalia não tenha a priori outra razão que não o valor do avaliado para atribuir uma dada classificação. Para poder ser contestada de forma útil deverão existir critérios definidos previamente, registos e testemunhos que fundamentem a avaliação.
Se o pressuposto da justiça da avaliação não se verificar as pessoas de bom senso têm boas razões para se preocupar: a útil e rigorosa avaliação transforma-se num obsceno instrumento de opressão, numa cascata de medo feita do exercício de pequenos poderes.
Nenhuma avaliação será justa se for previamente definida ou condicionada. E é muito fácil definir ou condicionar uma avaliação, acontece por exemplo quando existem quotas de classificações pré – definidas. Não mais que tantos por cento de bons, não menos que tanto por cento de medíocres, por exemplo. Se o avaliador for obrigado a quotas não será independente e só será justo nos improváveis casos em que a realidade se ajustar às quotas pré – definidas.
As quotas, em particular de classificações que determinam efeitos penalizantes, (como malhar com os ossos no quadro de excedentes por exemplo) seriam de uma estupidez galáctica, senão fossem de uma perversidade descarada: como pode alguém determinar à partida que existem 10% de medíocres (1) num serviço qualquer com 10 pessoas. Se estivermos a tratar de uma população poderá ser razoável estimar percentagens aproximadas de medíocres (há quem diga até que existe uma percentagem fixa de estúpidos na população…). Se estivermos a lidar com uma amostra que não represente a população o erro é grosseiro, porque obriga a classificar como medíocre alguém que poderá não o ser. Nesse grupo de 10 pessoas ninguém quererá ser o “ medíocre” e vai valer tudo. Se o indigitado medíocre quiser contestar a decisão quem será testemunha do contrário ? O serviço só tem dez pessoas e ninguém vai querer ir para o quadro de excedentes…
É preciso avaliar os funcionários, os bons são promovidos, os maus penalizados, isto é muito razoável. A perversão está nos pormenores a que geralmente ninguém liga, senão quando lhe batem à porta.
Já agora, é importante saber se às chefias também se aplicam quotas de classificação definidas à partida. E já agora, porque razão pessoas honradas, às vezes com anos de trabalho de direcção, se sujeitam a ser instrumentos de processos tão aviltantes?